2025.09.20—2025.11.05
31 de Fevereiro com a Ribeira Seca
Rigo 23

De 20 de setembro a 5 de novembro de 2025, a Galeria Quadrado Azul acolhe a exposição “31 de Fevereiro com a Ribeira Seca” do artista madeirense Rigo 23, a terceira individual do artista com a galeria.

Retomando a sua colaboração com a comunidade da Ribeira Seca, no alto do vale de Machico na costa Sudeste da Ilha da Madeira, Rigo concebe uma exposição que - por intervenção inesperada do destino - é também homenagem ao recém falecido padre José Martins Júnior (1938-2025) figura incontornável da vida pública madeirense no pós 25 de Abril e, pároco daquela comunidade durante mais de meio século.

Como é comum na sua prática, Rigo intervém diretamente no espaço arquitectónico da galeria, com três murais, e apresenta uma série de desenhos e bordados onde o mundo da escrita, da fala e do olhar se fundem. Marcado pelo pensamento do seu conterrâneo António Aragão (1921-2008) com quem conviveu muito na adolescência, para Rigo também “Ver é igual a ler e ler igual a ver. Nem mais imagem para ser melhor visto, nem mais literatura para ser mais lido.”*

Num momento de grande turbulência na história da humanidade e da vida no planeta Terra - com guerra na Europa, genocídio na Palestina e crescentes desequilíbrios climáticos - o artista foca-se no universo mais íntimo, mais próximo à origem, num gesto de resistência às narrativas homogenizantes dum império em putrefação que tudo aposta nas novas tecnologias como forma de perpetuar e intensificar o seu domínio pela violência e capacidade destrutiva.

Em diálogo de já várias décadas com a comunidade da Ribeira Seca, para esta exposição colaborou com Maria Franco, bordadeira reformada octogenária e sua filha, a professora Paula Góis, que executaram todos os trabalhos em bordado Madeira. Maria Franco participou nas renhidas lutas laborais que estabeleceram os direitos das bordadeiras na Madeira, que durante muitas gerações trabalharam em condições de extrema precariedade e miséria.

Na execução dos murais colaboraram os jovens artistas Francisco Côrte e Carlos Gaspar.
   

* A Escrita do Olhar  António Aragão, 1985

Ausência é ensinamento